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Assis - Itália

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quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

A PEREGRINAÇÃO, UMA "SANTA VIAGEM"


Todo o homem é um ser em caminho. Esta sua característica exprime-se e alimenta-se quer na viagem existencial de cada pessoa, que percorre um itinerário ao longo do seu tempo de vida com todas as vicissitudes que o marcam, quer nas múltiplas viagens que ela realiza pelas estradas do mundo, por necessidades e interesses vários.


Um dos motivos para a viagem é a fé. O homem põe-se ao caminho à procura de Deus ou atraído para o encontro com Ele, como diz uma inscrição na basílica de S. João de Latrão, em Roma: Tu atraíste-nos para Ti, Senhor, e inflamaste os nossos corações. Quando o peregrino parte movido pela fé, animado de verdadeiro espírito religioso, em resposta a um apelo e impulso divinos, então podemos dizer que ele faz uma “santa viagem”. Com o seu acto adora a Deus, põe-se à escuta da sua voz, manifesta o seu amor e a sua fé para com Deus e cultiva a sua espiritualidade.

Este tipo de viagem, a peregrinação religiosa, é uma constante na história da humanidade e da Igreja. É motivada pelo fascínio exercido pelos lugares santos ou pela esperança de ver satisfeito algum desejo ou aspiração pessoal, de natureza espiritual ou de outro âmbito, como, por exemplo, a saúde. Frequentemente, o peregrino leva no coração a gratidão por alguma graça alcançada ou o desejo de cumprir determinada promessa que fez a Deus ou ao santo da sua devoção.

Normalmente, os santuários são a meta das peregrinações religiosas. Eles surgem na sequência de alguma manifestação sobrenatural, como no caso de Fátima, ou resultam da iniciativa de homens fiéis, que quiseram consagrar a Deus, a Nossa Senhora ou a algum santo da sua devoção um determinado lugar, com a finalidade de aí prestar culto e invocar os favores celestes. Pelos acontecimentos e graças que neles se verificam, os santuários são memória viva da manifestação de Deus e das maravilhas que Ele ali realiza em favor dos seus fiéis; são também sinal da Sua proximidade e disponibilidade para os homens, beneficiados com os dons espirituais que recebem; tornam-se igualmente lugares de esperança para alívio e consolação das tribulações e anseios humanos.

A peregrinação, enquanto acto religioso em direcção a um lugar sagrado, constitui um memorial dos acontecimentos e graças de Deus que nele se realizaram. Torna-se, com frequência, para muitos peregrinos, experiência da presença e acção de Deus junto dos que nele confiam. E dá corpo à súplica confiante e humilde de ajuda e acção de graças mediante atitudes, gestos e palavras.   



Padre Dr. Jorge Guarda, Vigário Geral de Leiria-Fátima

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